Com as adversidades climáticas e logísticas atingindo todos os mercados do mundo fora, as parcerias do Brasil com outras origens de café continuam avançando. Países com produções mais baixas sempre proporcionam cafés do Brasil, mas nos últimos anos os volumes chamam atenção.
Os dados mais recentes do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) mostram que o Vietnã avançou em 211,6% nas compras de conilon do Brasil. O maior produtor de robusta do mundo ainda sente os impactos do El Niño, com seca e altas temperaturas a safra a ser colhida ainda é repleta de incertezas. Ainda na Ásia, a Indonésia ampliou em 119,1% as compras de café do Brasil.
“Outros países produtores, inclusive, vêm importando cafés brasileiros para atenderem seus compromissos de consumo e reexportação, como México, Colômbia, Vietnã e Indonésia. Os mexicanos, por exemplo, voltaram a ampliar as importações do nosso café verde, principalmente de canéforas, para utilização da matéria-prima em sua planta fabril de solúvel, referindo-se à qualidade de nossos cafés como base de produtos industrializados”, destaca Márcio Cândido Ferreira - presidente do Cecafé.
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O volume de compras do México também chama atenção. Assim como o Vietnã, algumas áreas cafeeiras do país sentem altas temperaturas. Apesar da produção anual ser mais baixa, é importante ressaltar que o país é muito forte na indústria do solúvel. Entre janeiro e abril deste ano, o México importou 307.606 sacas dos cafés in natura brasileiros, volume que representa expressiva alta de 877% na comparação com o mesmo intervalo de 2023.
De acordo com informações do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o país ocupa a 6ª posição na produção de arábica e aparece em 10º na produção global de robusta. Quando o assunto é exportação, o país aparece em 8º, gerando receita de US$ 433,8 milhões.
Haroldo Bonfá, analista da Pharos Consultoria, afirma que além das questões climáticas, os impasses logísticos também justificam a alta procura pelos cafés do Brasil. Desde a crise no mercado global como a Covid-19 e também os conflitos políticos na Europa e no Oriente Médio, os importadores vêm buscando por novas rotas de entrega, o que pode facilitar a participação do Brasil em alguns aspectos.
COLÔMBIA
Já a Colômbia, segundo maior produtor de arábica do mundo, que também comprou muito do Brasil nos últimos anos, apresentou queda na importação do produto brasileiro. O relatório aponta queda de 47,4% em comparação com o mesmo período do ano passado.
Enquanto no Brasil o La Niña trouxe seca, o produtor no país vizinho precisou lidar com chuvas que duraram meses seguidos. O El Niño trouxe certa estabilidade climática e o país está buscando ajustar a produção depois de também bater recordes comprando cafés do Brasil.