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A agricultura é uma atividade de risco  e  exige altos investimentos,  e  mesmo que o  produtor  se cerque de todos os cuidados, sempre estará à mercê de fatores climáticos  e /ou de fatores econômicos. Conforme explica o advogado especialista no agronegócio, Leandro Amaral,  do  escritório Amaral  e  Melo Advogados, à medida que o  produtor  rural  desempenha sua atividade, ele assume inúmeras obrigações com vários atores  do  mercado, como revendas, instituições financeiras, tradings, cooperativas,  e  que vão muito além dos custos com o trabalho. “Nesse contexto, se algo der errado, o  produtor  acaba não tendo condições de cumprir com suas obrigações.  E  a estratégia correta  pode  ajudar  a superar esse endividamento com mais assertividade”, diz. 

Levantamento realizado pela Serasa Experian, em todos os estados brasileiros  e  no Distrito Federal, apurou que cerca de 28% dos produtores rurais estavam inadimplentes em 2023. De lá para cá, Leandro contextualiza que o segmento tem feito uma série de desafios, desde problemas climáticos que resultaram na quebra de safra, uma queda acentuada no preço da soja  e  do  milho, até a dificuldade na obtenção de crédito. “Existe uma tendência de que o  produtor  rural  parte sozinho para renegociar as  dívidas , contratos  e  empréstimos, sem conhecimento dos seus direitos  e  dos reais impactos ao seu  negócio , adquirindo empréstimos com juros altos  e  financiamentos por empresas que elevam significativamente os seus custos”, caracterizar.

Nesse sentido, o especialista enfatiza a importância de buscar ajuda especializada para seguir a melhor estratégia para mitigar os efeitos durante o momento de crise. “São várias as ferramentas  e  é preciso salientar que cada caso tem suas particularidades. Um exemplo é a  reestruturação  de  dívidas  e  do  negócio , um processo que tem sido mostrado muito eficiente. Trata-se de um mecanismo que vai permitir ao  produtor  se reorganizar internamente  e  junto aos seus credores, garantindo liquidez de caixa para que se possa manter as suas operações  e  com isso aumentar as chances de pagamento dos subsídios”, explica Leandro. 

O recurso conta com algumas etapas bem estipuladas. “O primeiro passo é fazer um diagnóstico financeiro no  negócio , levantando sua capacidade de pagamento, custos operacionais, fluxo de caixa da operação  e  inventariando todos os débitos em aberto; o segundo passo é a elaboração de um plano de  reestruturação  do  negócio  e  um plano de  reestruturação  das  dívidas , para tornar a operação  rural  mais eficiente  e  organizada, por meio de uma implementação de boas práticas de gestão  e  finanças. Assim, são identificadas quais  dívidas  ainda estão vigentes, quais estão prescritas, quais geram mais juros, quais podem se tornar um processo judicial, enfim, criando uma ordem de prioridade  e  um cronograma de pagamento. O próximo passo é negociar junto aos credores”, enumera o advogado. 

Leandro explica que na renegociação de  dívidas  é que se buscará reduzir o valor  do  montante devido, diminuir ou suspender temporariamente a taxa de juros  e  até mesmo ao longo dos prazos de pagamentos. “Isso é que possibilitará ao  produtor  rural  ter o fôlego necessário para continuar operando  e  garantir o lucro necessário para sair de suas pendências  e  mantenha-se na atividade. Por isso, é imprescindível uma boa comunicação com os credores, de forma transparente, para demonstrar que será uma relação ganha-ganha”, enfatiza. 

O profissional reitera que situações de crise são normais em todos os tipos de negócios, porém a forma de lidar com elas é que faz toda a diferença. “O  produtor  rural  precisa se organizar, fazer o seu dever de casa,  e  convencer os seus credores a acreditarem ainda no seu  negócio . Por fim, é de fundamental importância que o  produtor  conte com o apoio de consultores especialistas tanto na elaboração, como na execução  do  plano de  reestruturação  das  dívidas  e  do  negócio”, arremata.

*Leandro Amaral é um advogado com atuação especializada no agronegócio desde 2004. Um especialista em diversas áreas  do  setor, incluindo recuperação de empresas, gestão patrimonial, contratos agrários  e  financeiros no agronegócio. Ele também é membro da Academia Brasileira de Crédito Agro  e da UBAU – União Brasileira de Agraristas Universitários.

Fonte: Sucesso no Campo