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Do açúcar ao etanol, a produção brasileira de cana-de-açúcar é referência em qualidade e produtividade. O País, reconhecido como o maior produtor global desse cultivo, prevê para a safra 2024/25 uma colheita de 685,86 milhões de toneladas, segundo estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Entre os principais desafios do produtor brasileiro da cultura está o acometimento por pragas, principalmente a broca-da-cana-de-açúcar (Diatraea saccharalis). Devido à ampla distribuição geográfica e aos elevados prejuízos econômicos, ela é responsável pelas perdas diretas, como a redução da produtividade agrícola e dos custos de tratamento, e indiretas, atreladas à qualidade da matéria-prima.

De acordo com estudo realizado pela professora Márcia Mutton, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Jaboticabal, em parceria com o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), os prejuízos causados ​​pela espécie aos canaviais podem chegar a R$ 8 bilhões por ano . Isso ocorre porque a cada 1% de infestação pode haver uma redução da ordem de 0,96 a 2,06% no rendimento de etanol por hectare e de 0,43 a 1,97% da produção de açúcar.
“Esses números demonstram a necessidade do produtor estar sempre atento ao manejo correto dessa cultura, adotando ações práticas, como o uso de defensivos e parasitóides para controlar o desenvolvimento da broca”, observa o gerente de Assuntos Regulatórios do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), Fábio Kagi.

O ciclo biológico do broca-da-cana-de-açúcar gira em torno de 50 e 60 dias, podendo atingir até seis gerações ao ano, dependendo das condições climáticas. Cada postura pode conter de cinco a 50 ovos e a fecundidade média da espécie é de aproximadamente 400 ovos, depositados pela fêmea de mariposa na folha de cana-de-açúcar. Após a eclosão, as larvas se alimentam da folha e da bainha, perfurando o colmo e abrindo galerias, onde ocorre a transformação para pupa.  

“A abertura dos colmos leva à perda de peso e morte das gemas, entrenós menores, enrização aérea e brotações laterais, além da presença de fungos nos buracos abertos pela lagarta, o que causa o podridão vermelho”, detalha Kagi.

Os ataques também prejudicam a incidência de fungos e bactérias, que podem colonizar o canal como outras doenças. Uma opção de controle da praga é o uso de inseticidas na fase inicial das larvas, antes de perfurar o colmo. “É preciso investir em um inseticida que combate a broca de forma rápida, logo na primeira aplicação, avançando a manutenção da qualidade. Com isso, os produtores podem conseguir um manejo eficiente e sustentável”, finaliza o gerente.

Fonte: Wellington Torres/Sucesso no Campo