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Quando se fala em política, ainda há relutância por parte da população em ter um diálogo aberto sobre o assunto. Este é um tema evitado em muitas casas e rodas de amigos. Mas, este ano vamos novamente colocar a democracia em ação e eleger por mais quatro anos, prefeitos e vereadores. Então essa é exatamente a hora de falarmos sobre.
Mais do que falar, destaco que as eleições municipais podem parecer bem distantes das fazendas e trabalhos que compõem a espinha dorsal do agronegócio brasileiro, mas não é. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o setor fechou o primeiro trimestre deste ano com superávit acumulado de US$ 32,23 bilhões, crescimento de 2,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. As exportações do setor somaram US$ 36,83 bilhões. Nem estamos aqui falando dos números de cada região e cidade, mas dá para ter noção do peso que isso representa.
A verdade é que a liderança local tem um impacto profundo e direto, tanto na operacionalização, quanto no ambiente regulatório que envolve este setor vital. A participação ativa e consciente do agro nas políticas locais transcende a mera proteção de interesses próprios, promovendo uma integração que pode beneficiar amplamente tanto o setor quanto as comunidades locais.
Os eleitos têm o poder de influência significativamente sobre o agronegócio por meio de políticas de infraestrutura, regulamentações ambientais e licenciamentos. As decisões tomadas nos paços municipais afetam diretamente a qualidade das estradas rurais, os serviços de armazenamento e a eficiência dos processos logísticos fundamentais para a entrega de produtos agrícolas. Em um país de dimensões continentais como o Brasil, onde cada região possui suas especialidades agrícolas e desafios logísticos próprios, a adaptação e suporte local são atores então principais nesse cenário.
Recentemente, uma polêmica envolvendo a exploração agrícola aérea no Maranhão destacou a importância das decisões locais. O Ministério Público recomendou que as Câmaras de Vereadores aprovassem projetos proibindo essa prática, causando debates intensos. Cláudio Júnior Oliveira, diretor operacional do Sindag, ressaltou que essas recomendações não são obrigatórias, mas geram desinformação e medo sobre a atividade, que é regulamentada e fiscalizada rigorosamente. A perda pode impactar os níveis de produção agrícola e a economia regional, como visto no Ceará, onde a produtividade caiu significativamente após a concessão da aviação agrícola.
Por isso, quando o agronegócio e os papéis envolvidos se envolvem nas eleições e na formulação de políticas provisórias, não apenas se garantem que suas necessidades sejam atendidas, mas também acabam causando impacto no desenvolvimento sustentável. Este envolvimento pode resultar na ampliação de mais e melhores políticas que incentivem essas práticas agrícolas sustentáveis, promovam a conservação ambiental e fomentem a inovação tecnológica através de parcerias com instituições educacionais locais.
A atuação conjunta entre o setor e a gestão municipal pode levar à implementação de projetos de desenvolvimento rural que beneficiam tanto os próprios agricultores e suas famílias, quanto a população de modo geral. Isso inclui desde a criação de programas de treinamento em novas tecnologias agrícolas até a melhoria dos sistemas de saúde e educação no campo, elevando a qualidade de vida e promovendo a equidade social.
A capacitação técnica dos líderes locais também é essencial para que as políticas inovadoras sejam eficazes. Sem o conhecimento adequado, decisões importantes podem ser baseadas na desinformação, como exemplificado no caso da concessão da aviação agrícola. É fundamental que os políticos sejam bem informados e recebam treinamento específico sobre as necessidades e práticas do agronegócio.
No entanto, uma colaboração eficaz exige transparência, responsabilidade e uma visão de longo prazo tanto dos líderes empresariais quanto dos políticos. As empresas do agro devem se posicionar como parceiros da comunidade, e não apenas como entidades focadas no líder, promovendo um diálogo aberto sobre como suas operações e os desenvolvimentos regionais podem coexistir harmoniosamente.
As eleições legislativas são, portanto, um evento de importância significativa para o meio agropecuário e para as comunidades envolvidas. Uma participação ativa e informada do setor nas decisões políticas locais não é apenas uma boa prática empresarial; é uma necessidade para garantir que o crescimento econômico do agro e de mãos dadas com o desenvolvimento sustentável e o bem-estar das comunidades que circundam e sustentam este setor. Como líderes empresariais e cidadãos, a escolha de candidatos comprometidos com o equilíbrio entre desenvolvimento econômico e responsabilidade social e ambiental nunca foi tão crucial.
Cada voto e cada política renovada têm o potencial de moldar o futuro não só de uma cidade, mas de todo um setor que é pilar da economia nacional.
*Leandro Viegas Administrador, bacharel em Direito e CEO da Sell Agro.

Fonte: Kassiana Bonissoni/Sucesso no Campo