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O milho é uma cultura importante no sistema de rotação e produção de grãos e silagem no Estado do RS. Dentre os limitantes para o cultivo, estão os insetos-praga que causam danos prejudiciais à cultura, sendo que em algumas situações podem até inviabilizar e desestimular o cultivo. Entre outros, os insetos de maior relevância são percevejos, lagartas, pulgões e cigarrinha-do-milho.

Desde sua chegada ao Rio Grande do Sul em 2020, a cigarrinha-do-milho tornou-se o holofote de maior problema fitossanitário da cultura de milho, sendo a cada ano um desafio crescente na tentativa de reduzir suas implicações, que resultam em níveis elevados perdas de produtividade.
A cigarrinha-do-milho tem causado prejuízos por ser um vetor inserido, que não apenas se alimenta da cultura, mas também injeta vírus e bactérias de forma simultânea para as plantas de milho, são os chamados CMVs (Complexo de molicutes e viroses). As bactérias, também chamadas de molicutes, são formadas por fitoplasma e espiroplasma. O fitoplasma é mais frequente nas áreas de trabalho do Estado, já que a temperatura mais favorece o pleno desenvolvimento dessa bactéria.

As bactérias agem nos vasos do floema da planta de milho, onde se multiplicam e provocam uma série de complicações para a planta. Esses sintomas aparecem normalmente no período reprodutivo da cultura de milho. Como os sintomas visuais são tardios, a importância de combater o vetor é primordial, única forma de ação na redução da carga de bactérias nas plantas, pois após a infecção da planta os danos serão medidos pela tolerância genética do híbrido e do momento em que ocorreu a infecção (estágio fenológico). Os sintomas aparecem normalmente após o florescimento do milho, sendo que a interação com a genética do híbrido resulta em sintomas diferentes em cada situação.

Já as viroses, formadas pelo raiado fino (Maize rayado fino vírus) e mosaico estriado (Maize striate mosaic vírus), são importantes e causam danos menores quando comparados às bactérias, mas significativos para a redução da produtividade. Os sintomas visuais aparecem mais rapidamente em comparação com as bactérias, sendo que em 7 dias já temos a visualização nas folhas de milho.

De maneira geral, os sintomas da infecção múltipla no milhão são: folhas com estrias cloróticas ou avermelhadas, multiespigamento, morte prematura da planta, redução do tamanho da espiga, enchimento incompleto dos grãos, morte de espigas, chochamento dos grãos e tombamento das plantas ( ocasionado por fungos oportunistas: (Pythium e Fusarium). Todos esses sintomas podem ser observados como consequência de trabalhos enfezados, com níveis intimamente ligados à suscetibilidade do híbrido e ao manejo que é empregado para controlar a cigarrinha-do-milho, chegando a níveis elevados. a patamares de 90% de perdas.

Em trabalho realizado pelo Setor de Entomologia, em que foram avaliados os danos em qualidade de grãos e silagem, obtivemos que os impactos vão muito além da perda de produtividade/volume ensilado. A redução da qualidade bromatológica é acentuada, mas os mais significativos foram os níveis de micotoxinas (DON, zearalenona e fumonisinas) acima dos níveis tolerados para o consumo animal, que quando consumidos podem gerar problemas reprodutivos e redução na produtividade de leite, entre outros. Neste cenário, o manejo da cigarrinha-do-milho garante não apenas a produção, mas a qualidade dos grãos e da silagem produzida.

O cenário para a safra 2024/2025 reflete uma tendência de redução da população de cigarros nesse inverno, muito pela redução de plantas de milho no campo ocasionada pelo inverno mais especificamente. Em estudo realizado, coletando plantas voluntárias de milho nas lavouras do Estado do RS no período de maio e junho, verificamos que todas as amostras testadas apresentaram 100% de infectividade de vírus e/ou fitoplasma, demonstrando a importância de manejo com herbicidas e com antecedência , não negligenciando para que as ocorrências, normalmente menos frequentes e/ou tardias, acarretem a morte das plantas.

Esses resultados nos trazem uma preocupação, há vista para a elevada disseminação de plantas como as viroses de cigarrinha, mas também por outro problema crescente, que são as duas viroses transmitidas pelos pulgões, principalmente da espécie Rhopalosiphum maidis.

Assim, monitorar e controlar os vetores responsáveis ​​pela transmissão dos enfezamentos e viroses tornou-se extremamente importante para evitar perdas qualitativas e quantitativas de produção de milho, tanto aquele destinado à produção de grãos quanto de silagem. Em suma, a necessidade de conhecer o problema (praga), estar presente no campo diariamente, monitorando a presença ou chegada dos insetos-praga, são ferramentas essenciais para o correto manejo e redução de perdas.

Um estudo de monitoramento em conjunto com a cooperativa Coopermil, na cidade de Santa Rosa – RS, demonstra que estamos com uma flutuação populacional menor em comparação ao ano anterior, sendo um alento para o início da implantação da cultura do milho nos próximos dias.
– Realizar a instalação de cartelas adesivas para compreender a pressão populacional da área. A sincronia entre semear e manejo resulta em maior efetividade de controle, há vista o efeito de concentração da praga nas primeiras áreas emergidas.

– Compreender a tolerância genética do híbrido a ser semeado. A opção de parecer mais que um híbrido na propriedade é louvável, sendo possível assim trabalhar com risco e estabilidade com diferentes tolerâncias genéticas.

– Com a presença do inseto nas plantas de milho, deve-se iniciar as aplicações de inseticidas, sendo aplicações preconizadas sequenciais com intervalos de 5 a 7 dias. O número de aplicações vai depender da pressão populacional, da eficiência das táticas de empregadas, da tolerância genética e da necessidade de proteção ao trabalho até o estágio.

A necessidade de usar ferramentas químicas e biológicas eficientes para o controle do cigarro é primordial. Devemos ter um olhar para outros insetos no sistema que também requerem atenção, sendo que a primeira aplicação deve ser focada em percepções e a segunda em produtos com ação eficaz para cigarrinhas adultas. A partir da terceira aplicação de inseticida, deve-se atentar à necessidade de controlar ninfas e adultos de cigarrinha. Assim, a possibilidade de utilização de inseticidas que tenham ação nessas fases de desenvolvimento do inseto pode promover o que chamamos de quebra do ciclo e redução da reinfestação e, consequentemente, as perdas podem ser minimizadas.

Nessa linha, realizamos um estudo com o ativo buprofezina, a evolução também atua eficientemente no controle de ninfas e na ação na fertilidade e fecundidade do adulto de cigarrinha-do-milho. Além disso, é um produto de um novo grupo químico que auxilia no manejo de resistência a essa praga e não apresenta problemas de incompatibilidade nas relações com os demais inseticidas.

Realizou-se o protocolo com duas aplicações padrão de acefato (AB), sendo que nas aplicações sequenciais adicionou-se a buprofezina isolada e em associação com acefato e metomil, também foi avaliada a realização de 5 ou 6 aplicações. As aplicações iniciaram no estágio V1 da cultura e finalizaram em V5 (5 aplicações) e V7 (6 aplicações).

Os resultados gerados demonstraram que a adição de buprofezina aumentou significativamente a produtividade de grãos, sendo que também o acréscimo de uma aplicação gerou incremento de 1320 kg e 1467 kg de grãos de milho no tratamento metomil e acefato, respectivamente.

*Dr. Glauber Renato Stürmer Pesquisador Entomologia – CCGL – Cooperativa Central Gaúcha Ltda.

Fonte: Fernanda Campos/Sucesso no Campo