No atual cenário de crise no agronegócio brasileiro, marcado por adversidades climáticas severas, que resultaram na quebra de safra e na redução da produção de grãos, como soja e (possivelmente) milho, os produtores rurais enfrentam um desafio sem precedentes. A combinação desses fatores climáticos com a queda acentuada nos preços dos produtos agrícolas coloca muitos agricultores em uma situação financeira extremamente delicada, dificultando o cumprimento de seus compromissos e, até mesmo, a continuidade de suas atividades.
Como advogado especialista no segmento do agronegócio há 20 anos, percebo que, mais do que nunca, é fundamental que os produtores rurais tenham acesso a ferramentas legais capazes de auxiliá-los. No entanto, antes de qualquer acção, é crucial que eles tenham um entendimento claro e objectivo da sua situação financeira actual, incluindo o nível de endividamento, lucratividade e capacidade real de pagamento.
Para que esta análise seja eficaz, é necessária a intervenção de uma equipe multidisciplinar composta por economistas, engenheiros agrônomos, contabilistas, advogados e consultores financeiros. Esses profissionais, trabalhando em conjunto, podem oferecer um diagnóstico preciso e orientar o produtor rural sobre as melhores estratégias legais e financeiras para serem empregados.
Por outro lado, tenho oferecido que muitos produtores rurais, por conta própria ou por orientação de entidades, estão partindo sozinhos e sem um plano para renegociações com seus credores. Um grande erro.
Iniciar uma renegociação de dívidas com credores sem o preparo devido é uma estratégia arriscada para o produtor rural. Sem um conhecimento aprofundado da própria situação financeira e sem um plano de negociação bem estruturado, o produtor se coloca em uma posição de desvantagem significativa.
Esta abordagem pode levar a acordos que não consideram a capacidade de pagamento real do produtor, resultando em termos de renegociação insustentáveis que podem agravar ainda mais a situação financeira. Além disso, a falta de uma estratégia clara e de objetivos definidos para a negociação pode resultar na perda de oportunidades para condições mais detalhadas, como taxas de juros reduzidas, prazos de pagamento estendidos ou até mesmo a quitação de parte da dívida.
Portanto, aos produtores rurais que se encontram “no olho do furacão”, enfrentam uma tempestade de desafios e informações muitas vezes contraditórias, minha mensagem é clara: antes de tomar qualquer decisão, procure compreender profundamente a realidade do seu negócio, tenha um entendimento claro e o objetivo de sua situação financeira atual, incluindo o nível de endividamento, lucratividade e capacidade real de pagamento. Somente com esse conhecimento em mãos será possível escolher o caminho mais adequado para superar a crise atual e garantir a sustentabilidade de suas atividades no longo prazo.
*Leandro Amaral é advogado com atuação especializada no Agronegócio desde 2004; Mestre em Direito Empresarial pela FGV, MBA em Direito do Agronegócio pelo Ibmec; Especialista em Recuperação de Empresas e Gestão Patrimonial pelo Insper; Especialista em Contratos do Agronegócio pelo IBDA; membro da UBAU – União Brasileira dos Agraristas Universitários e da Academia Brasileira de Crédito do Agro; Sócio fundador do escritório AeM Advogados e da Empresa de Consultoria AgriCompany.
Fonte: Marcela Freitas