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A partir das projeções de crescimento populacional mundial, a ONU estima que a produção de alimentos precisará crescer 70% até 2050, com mínimo de avanço em áreas cultiváveis ​​e máxima preservação de recursos naturais. Ao mesmo tempo, a agricultura enfrenta o grande desafio de adaptação às mudanças climáticas.

Com o aumento das temperaturas médias do planeta, a alteração na distribuição das chuvas e a ocorrência, cada vez mais frequente, de mudanças bruscas no clima, os sistemas de produção agrícola têm sido fortemente impactados, colocando em risco a segurança alimentar global. Esse cenário é ainda mais agravado pela maior incidência de previsões e doenças, favorecidas também pelas alterações climáticas.

O setor agropecuário precisa buscar, portanto, soluções e inovações capazes de garantir adaptabilidade, produtividade e sustentabilidade. Nesse contexto, os bioinsumos já se destacaram, há alguns anos, promovendo o equilíbrio dentro da produção agrícola. Mas foi a partir de 2019 que, em um grande esforço colaborativo de pesquisa, a empresa de biotecnologia Vittia e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano – Campus Rio Verde, iniciaram uma série de estudos e ensaios em busca de um passo além: Descobrir como – e quanto – a utilização de microrganismos específicos de produtos usados ​​como biodefensivos poderia contribuir, também, para a redução de danos desencadeados pelo déficit hídrico (a estimativa temida) na produção de soja.

Para os estudos, foram utilizados produtos comerciais do portfólio de biodefensivos da Vittia, sendo dois à base de bactérias – o No-Nema, com Bacillus amyloliquefaciens BV03, e o Bio-Imune, com B. subtilis BV02– e um à base de fungos Trichoderma asperellum BV10, o Tricho-Turbo. Foram quase quatro anos e diferentes pesquisadores debruçados sobre esse desafio.

Como resultados, as equipes conseguiram a constatação de que,  SIM , as plantas de soja tratadas com os biodefensivos conseguiram manter um bom grau de hidratação dos tecidos e maior integridade das membranas celulares, além de conseguir se recuperar mais rapidamente após uma seca severa. Em destaque, os microrganismos obtidos também retardam o tempo para que as plantas sintam os efeitos em seus processos fisiológicos devido à falta de água no sistema. As plantas que receberam a aplicação do tratamento biológico obtiveram ainda maior capacidade em captar a luz solar e convertê-la em energia química, maior taxa fotossintética, maior eficiência do uso da água, dentre outros avanços importantes que resultaram em melhor crescimento, desenvolvimento e adaptabilidade da planta.

Dessa forma, a pesquisa trouxe à luz benefícios ambientais, tais como a redução do estresse hídrico e maior capacidade de absorção e aproveitamento de água pelas plantas, a redução da dependência de supervisão intensiva, maior absorção de nutrientes do solo pelo maior desenvolvimento do sistema radicular , e, portanto, uso eficiente de recursos naturais disponíveis. Como benefícios econômicos, podemos citar, entre outros, a redução das perdas de colheitas em condições de seca e o aumento da produtividade agrícola, proporcionando maior estabilidade de safra, com segurança econômica para os produtores rurais e oferta mais estável de alimentos aos consumidores.

Avanços em tecnologia, produtividade e sustentabilidade

Os resultados obtidos pela pesquisa de Vittia e IF Goiano representam um importante passo na busca por soluções biotecnológicas para os desafios climáticos enfrentados pela agricultura. Os bioinsumos, assim como os biodefensivos utilizados nesse projeto, apresentam-se como uma alternativa promissora para transferências para a produção agrícola de forma sustentável.

Os microrganismos apresentam grande potencial para serem usados ​​em programas agrícolas ecológicos, pois promovem maior tolerância aos estresses abióticos, garantem a manutenção do potencial produtivo das culturas e evitam danos econômicos causados ​​por fatores climáticos, como o estresse hídrico. Estes estudos nos mostram que não estamos no caminho certo para entregar soluções biotecnológicas para os desafios climáticos.

Ao comprovarmos que, além do combate a pragas e doenças, os microrganismos usados ​​em defensivos biológicos têm grande potencial para serem importantes aliados também na superação do desafio de resiliência climática, abrimos um novo caminho para o uso mais eficiente dos recursos naturais e oportunidades para ganhos em produtividade com sustentabilidade.

Investir em pesquisas e tecnologias que promovam a utilização de bioinsumos na agricultura é essencial para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas e garantir um futuro sustentável para a produção de alimentos. A parceria entre empresas e instituições de ensino, como demonstrada nesse estudo, foi demonstrada fundamentalmente para soluções para os desafios agronômicos contemporâneos.

*Ana Laura Pavan – Bióloga, Doutora em Ciências da Engenharia Ambiental. Coordenadora de Sustentabilidade da Vittia.

**Jéssica Brasau – Engenheira Agrônoma, Mestre em Proteção de Plantas. Gerente de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Vittia

Fonte: Milena Oliveira