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Com um rebanho de aproximadamente 200 milhões de cabeças, a peculiar no Brasil se destaca por sua produção continental em larga extensão e pelo rebanho bovino distribuído por todo o País. Estima-se que esse volume de animais, 1/3 seja composto por matrizes de corte que são, em sua maioria, zebuínas (Vasconcelos e Meneghetti, 2006) e, por serem animais adultos permanentes no sistema, exigem 70% de todo o gasto energia disponível para a produção de carne (Ferrell e Jenkins, 1985).

Além dessas características, a peculiaridade brasileira passou, nos últimos anos, por acontecimentos que desafiaram a atividade, sendo cada vez mais pressionado para melhor utilização das áreas já existentes, redução do ciclo produtivo, melhoria da qualidade da carne e melhores margens. Desta maneira, compreender o sistema, as critérios nutricionais e, principalmente, as oportunidades tornam-se indispensáveis ​​para a pecuária atual, uma vez que toda a cadeia depende da produção de bezerros.

Na atividade de criação, o sucesso da estação reprodutiva está diretamente relacionado ao planejamento, visto que o principal fator que leva as matrizes ao anestro é o status nutricional sinalizado pelo escore de condição corporal. A divisão de energia dos animais em reprodução ilustra claramente o desafio de fornecer para o rebanho condições nutricionais que possibilitem o balanço energético positivo, existindo uma atividade cíclica e ovariana para iniciação da prenhez presente em oitavo lugar nessa seção (Short et al. 1990).

No momento do desmame, a vaca de corte já apresenta queda na produção de leite devido a seu pico de lactação ocorrer em cerca de 60 a 70 dias pós-parto, e o bezerro ao pé já não depende desse alimento como antes. Mesmo assim, a produção de leite dessa vaca é no sexto lugar na prioridade de divisão de energia, e ela sai do terço inicial de geração e entra no terço médio (135 a 230 dias), o que pode ser determinante para imprimir qualidade da qualidade animal em formação.

O terço médio de gestação é caracterizado pela fase em que ocorre a miogênese secundária e o início da adipogênese, ou seja, período em que a qualidade do bezerro será definida pois, após o nascimento, não é possível formar números de celulares miogênicos e adipogênicos, apenas crescê -los. Outro fator importante é que, no sistema de pastagens brasileiro, as forragens estão iniciando uma fase de transição, momento em que ocorre queda dos índices pluviométricos, do crescimento e da produção de forragem, e, consequentemente, queda nos valores nutricionais. Essas condições são determinantes para executar o planejamento nutricional nessas férias, a fim de melhorar a ótima pontuação de condição corporal durante a parição.

O escore de condição corporal (ECC), quando baixo, está entre os fatores que mais influenciam na duração do anestro (Baruselli et al., 2002) e isso contribui para baixos índices reprodutivos, principalmente pelo fato de que férias com boas condições corporais ao parto retornam ao cio mais cedo e apresentam maiores índices para a concepção. Assim, o anestro pós-parto é a principal causa para o aumento dos intervalos entre partos e a baixa taxa de diversão do rebanho de criação pois possui 90% com a taxa de concepção (Cutaia e Bó, 2004).

Durante a gestação, é notado que nas férias de corte o consumo de matéria seca (CMS) tem grande variação, podendo ser de até 9,4% por semana, sendo mais expressivo nos últimos dias de gestação, chegando a até 30% de redução nos 5 dias que antecedem o parto (Ingvartsen et al., 1992). Esse evento pode ser explicado por quatro fatores: físico, que não se refere à melhoria do rúmen por crescimento uterino; fisiológico, que está relacionado principalmente à atividade estrogênica importante no final da gestação; metabólico, por meio do desbalanço dos nutrientes exigidos pelo feto e pelas férias, e, por último, comportamental, que é causado pelo desconforto e pela necessidade de buscar um local adequado para o parto (Forbes, 2007).

Uma representação gráfica é apresentada na figura 1 (Gionbelli, 2013), em que se avalia o consumo de matéria seca por férias zebuínas gestantes.

Fonte: adaptado de Gionbelli, 2013.

O gráfico mostra que o consumo de matéria seca que chegou a 11kg/dia pode diminuir para até 5kg/dia ao final da gestação, dificultando a ingestão do transporte de alimentos e nutrientes necessários para as férias. Outro fator interessante que ocorre no terço final é o aumento do fluxo sanguíneo destinado à vascularização placentária, o que aumenta consideravelmente o uso de energia do animal (Gionbelli, 2015). Esse evento, associado a outras ocorrências já mencionadas, implica a mobilização de tecidos para a manutenção do status metabólico, com consequente redução do escore de condição corporal da matriz durante o parto.

Outra categoria que necessita de suma atenção dentro dos programas nutricionais de fêmeas em reprodução são as primíparas. São férias jovens que estão em processo de crescimento e bezerro ao pé, passando pela segunda prenhez. Além da divisão de energia para crescimento, elas direcionam energia para a produção de leite e manutenção do feto em formação. Normalmente essa categoria é a responsável pelos baixos índices reprodutivos dos rebanhos ao final da estação de montagem, sendo necessária muita atenção ao status nutricional dessas fêmeas e seu escore de condição corporal.

De fato, o principal ponto a ser considerado sobre os programas nutricionais aplicados às férias gestantes é que, a partir de 135 dias de gestação (4,5 meses), as necessidades de energia e proteína apresentam um acréscimo de 7,3% nas exigências de mantença (BR-CORTE 2016), portanto a desmama regular acontece exatamente quando a demanda desse animal começa a aumentar, conforme gráficos extraídos do BR-CORTE.

Gráfico 1. Exigências nutricionais de zebuínos puros e cruzados – BR-CORTE

Fonte: BR-CORTE.

A fim de garantir eficiência no planejamento da próxima estação de monta, é interessante aproveitar o período de desmame e o terço médio de gestação, mesmo que a oferta de forragem seja de menor qualidade quando comparada ao pico de águas. Ao associar uma suplementação adequada à forragem consumida em quantidade de matéria seca (MS) ideal, é possível imprimir melhores desempenhos nesse período.

De acordo com as particularidades estruturais da propriedade e o desafio em ganho médio diário (GMD) até a parição, pode-se suplementar o bezerro desde os primeiros 30 dias de vida com creep-feeding, que promoverá aumento no peso desse animal, favorecendo uma desmama antecipada. Quando se trata de vaca, uma estratégia nutricional pode ser delineada por meio de uma suplementação mineral aditivada com ou sem nitrogênio ou proteicos e proteicos energéticos, principalmente com o uso da lasalocida pois esse aditivo vem sendo amplamente treinado e indicado por seus efeitos positivos para a fase reprodutiva.

O uso de aditivos e nitrogênio presentes nos suplementos de transição e seca promovem melhor digestibilidade da pastagem e aumento do consumo de forragem no período seco. Desta forma, definir uma suplementação estratégica certificada com o desafio de cada período é a alternativa mais viável para imprimir ganhos maiores na fase de desmame e bom escore corporal durante a parição, garantindo melhores índices reprodutivos na próxima temporada de montagem.

*Thiane Cristina de Araújo é Consultora Técnica Regional de Bovinos de Corte da Cargill Nutrição Animal.

Fonte: Cargill