Nesta manhã, o mercado analisou novos dados do IPCA-15 de setembro, em busca de prevenção sobre a trajetória da inflação no Brasil e, consequentemente, da política monetária local, uma vez que o Banco Central tem frequentemente renovado sua ambição de levar o nível dos preços para o centro da meta de 3%.
O IBGE informou que o índice teve alta de 0,13% no mês, abaixo dos 0,3% esperados pelos analistas consultados pela Reuters, antes do avanço de 0,19% em agosto. Em 12 meses, o IPCA-15 atingiu alta de 4,12%, após subir 4,35% no mês anterior.
O resultado, que mostrou a inflação se aproximando um pouco do centro da meta, afastando alguns temores em relação à dinâmica futura dos preços no Brasil, prejudica as expectativas do mercado por uma alta incidência na Selic na próxima reunião do Copom em novembro.
Os operadores passaram a ver 77% de chance de um aumento de 50 pontos-base na taxa básica de juros em novembro, para 11,25% ao ano, de 94% antes dos dados. Eles veem 23% de probabilidade de alta de 25 pontos.
Os dados desta quarta-feira também impactaram a curva de juros brasileira, particularmente no longo prazo, com o mercado vendendo juros futuros menores diante da perspectiva de uma inflação abaixo do esperado para os próximos anos.
Segundo analistas, o cenário era ambíguo para a moeda brasileira, pois enquanto a estabilização da inflação seria um elemento positivo para investidores estrangeiros, a perspectiva de juros menores torna o real menos atrativo para operações.
"O IPCA 15 vem como uma boa notícia. Ele mostra que, aparentemente, setembro vai ser igual a agosto, um mês de baixa pressão inflacionária, e que é possível que o Brasil continue a ter sua estabilização de preços em direção à meta", disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
"Uma estabilidade inflacionária é boa para atrair investimentos estrangeiros, torna o Brasil um país mais previsível... por outro lado, diminui a expectativa para a elevação dos juros básicos no Brasil, um dos grandes fatores do fortalecimento do real", completou.
No cenário externo, o dólar se recuperou após uma forte queda acumulada na véspera.
Na terça-feira, diversas pares da moeda norte-americana, incluindo o real, ganharam sobre o dólar devido ao apetite pelo risco impulsionado pelo anúncio de um pacote de medidas de estímulo econômico na China, que tem sofrido com uma crise imobiliária e uma demanda briga interna.
O anúncio melhorou as perspectivas sobre a segunda maior economia do mundo, que também é a maior importadora de materiais-primas globais, o que impulsionou as moedas de mercados emergentes na véspera.
Esse impulso, no entanto, parecia se dissipar nesta sessão, com alguns analistas ponderando sobre o verdadeiro efeito do estímulo chinês, gerando queda nos preços de algumas commodities, como o petróleo.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisões -- subia 0,19%, para 100,420.
A moeda dos Estados Unidos também subia frente ao peso mexicano e ao peso chileno.