O carregamento e transporte de bovinos é uma questão frequentemente discutida na pecuária de corte, mas que merece igual atenção na pecuária leiteira. Na produção de leite, é comum o transporte de animais entre propriedades, incluindo novilhas e vacas de reposição ou animais de descarte. Este processo pode gerar estresse nos bovinos, afetando seu desempenho e bem-estar se não forem fornecidas condições adequadas.
Mesmo sob boas condições de embarque e em viagens curtas, os bovinos apresentam sinais de estresse, que se agravam em situações adversas. Animais estressados têm maior probabilidade de enfrentar futuros desafios na saúde e desempenho geral.
A intensidade do estresse durante o transporte varia conforme o manejo dos animais, as condições de transporte, a duração da viagem, as condições das estradas e o clima. Os principais problemas durante o embarque e transporte incluem manejo inadequado, formação de novos grupos, instalações e transporte inadequado.
Durante todo o processo de embarque, transporte e desembarque, é essencial que as pessoas envolvidas sejam treinadas, conheçam os animais e seu comportamento natural. O ideal é transportar as novilhas e vacas em dias com temperaturas mais amenas ou no início e fim do dia, evitando as horas mais quentes, que geram alto estresse.
Manejo no embarque
Naturalmente, as vacas não são animais ágeis e se movem lentamente. Portanto, o embarque e desembarque devem ser realizados de forma calma e tranquila.
É fundamental garantir acesso a água potável até o momento do embarque e que o local possua sombra se os animais precisarem aguardar. Para facilitar a entrada dos animais, caminhão deve ser bem posicionado, evitando espaços ou qualquer obstáculo entre o compartimento de carga e o embarcadouro.
As fazendas leiteiras devem ter um embarcadouro com uma estrutura firme e piso uniforme, sem degraus ou obstáculos para facilitar a entrada dos animais no caminhão. Com olhos nas laterais da cabeça, os bovinos enxergam na visão binocular uma estreita faixa à frente com percepção de profundidade. A visão monocular é ampla e panorâmica, mas sem noção de profundidade. Essa característica dificulta a distinção entre buracos e sombras, resultando em maior frequência de paradas pelos bovinos. Portanto, o embarcadouro deve ser bem iluminado e livre de obstáculos que possam confundir os animais.
Os bovinos também são sensíveis a movimentos bruscos ou a qualquer objeto estranho, dessa forma, movimentos rápidos com os braços e objetos balançando próximo ao local de embarque devem ser evitados. Além disso, a presença de pessoas com as quais os bovinos não estão habituados, como o motorista do caminhão no compartimento de carga, pode agitar os animais e dificultar o embarque.
A Portaria nº 365, de 16 de julho de 2021, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), proíbe o transporte de fêmeas gestantes nos últimos 10% do período gestacional, exceto em circunstâncias excepcionais. Se necessário, essas fêmeas devem ser manejadas separadamente.
Normalmente, as fêmeas de reposição na atividade leiteira estão prenhes quando são transportadas de uma propriedade a outra, exigindo cuidados redobrados para evitar transporte próximo ao parto. Animais doentes ou feridos também não devem ser transportados.
O bem-estar de novilhas e vacas
O bem-estar animal durante o transporte está diretamente ligado à saúde e ao desempenho produtivo dos bovinos leiteiros. Animais estressados apresentam maior susceptibilidade a doenças e redução na produção de leite. Ao garantir condições adequadas de transporte, os produtores investem na saúde de seus animais e, consequentemente, na rentabilidade de seus negócios.
A implementação de boas práticas de carregamento, transporte e desembarque de novilhas e vacas assegura a saúde e o desempenho dos animais e também a segurança das pessoas envolvidas.
Fonte: https://www.milkpoint.com.br/artigos/producao-de-leite/carregamento-e-transporte-de-bovinos-leiteiros-atencao-aos-detalhes-237527/?acao=4cd010b0-a8a9-4288-928d-b6a4aa4245c2